segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Acessibilidade e Inclusão no contexto escolar

#PraCegoVer: Imagem com texto escrito em vermelho “ A Inclusão acontece quando...” seguida de sete pássaros diferentes no galho de uma árvore: o primeiro de corpo amarelo, cabeça e rabo verde de bico vermelho curto;  segundo azul e branco de bico curto amarelo; terceiro vermelho de bolinhas amarelas bico curto e azul e rabo curto;  quarto corpo listrado de preto, amarelo e vermelho, rabo preto, cabeça verde de bico longo e grosso com uma listra preta, depois vermelha, seguida de uma amarela e outra vermelha; quinto de corpo verde e amarelo, cabeça vermelha, contorno dos olhos amarelo e bico fino e curto roxo, calda formada por duas linhas com ponta em formato de folhas; sexto corpo amarelo de rabo mediano e azul, cabeça azul com penas que parecem cinco antenas e bico pequeno; sétimo roxo, com risquinhos mais escuros, de calda e cabeça rosas e bico alongado amarelo, olhos fechados. No quando esquerdo da imagem, bem próximo ao galho da árvore esta escrito em um texto claro “ Aos mestres da Educação” , pra finalizar o texto escrito em preto, apenas com a palavra "diferenças" escrita em verde,  “ Se aprende com as diferenças e não com as igualdades” Paulo Freire. 




Desde de que comecei a lecionar, isso não tem muito tempo, sempre me pego refletindo sobre minhas aulas, como modificá-las para conseguir atingir o meu aluno. Não é por menos, sendo professora de matemática percebo que o número de alunos que não gostam ou sentem dificuldades com a disciplina é enorme. Quero trabalhar para melhorar esta realidade, mas ainda pouco conseguir alcançar.

Neste pouco tempo em sala de aula, nunca tive um aluno com deficiência, pelo menos nenhuma aparente, ou que tenha tomado conhecimento. Na verdade, sobre um aluno recebi orientações de questões ligadas ao tratamento, falar olhando nos olhos, colocá-lo sentado nas primeiras carteiras, não fazer questionamentos diretos. Não consigo entrar nos detalhes de qual necessidade educacional específica este aluno possuía.  Acabei ficando com a turma pouco tempo, confesso que tive bastante dificuldade com o desenvolvimento da aula no que diz respeito a postura deste aluno.

Bem, não foi então a presença de um aluno deficiente que me fez ter o desejo de aprender mais sobre acessibilidade e inclusão. Confesso que o fato de termos um curso de Licenciatura em Matemática no câmpus, trabalhando com a formação de professores, me fez pensar que não podemos deixar que nosso aluno se forme sem dar a ele o mínimo de conhecimento e possibilidades para buscar outros, sobre uma questão tão séria quando a educação inclusiva.  No quarto semestre do curso existem duas disciplinas que se referem à inclusão: Educação para a Inclusão e Língua Brasileira de Sinais, ambas com um quarto da carga horária destinadas a PCC (Prática como Componente Curricular). Mas é importante que se tenha um olhar inclusivo para a prática do professor de maneira geral.

Para muitas pessoas, a visão existente sobre acessibilidade está muito ligada à acessibilidade arquitetônica, ter o ambiente preparado para receber a todos, mas não é só isso. Para que a inclusão aconteça de maneira efetiva é preciso que além da arquitetônica, tenhamos: acessibilidade comunicacional, para que todos consigam receber as informações sem ajuda; acessibilidade metodológica, que englobam variações de metodologias de ensino para que nenhum aluno seja deixado de lado por conta de suas necessidades educacionais específicas; acessibilidade instrumental, que consiste na adaptação de objetos; acessibilidade programática, diz respeito às políticas públicas e acessibilidade atitudinal relacionada ao convívio.

A escola é uma pequena sociedade, é nela que os alunos passam boa parte do seu dia e é neste ambiente que se torna uma pessoa adulta. Este deve ser o primeiro lugar a dar exemplo de inclusão. De uma inclusão efetiva onde todos possuam condições de participar de todas as atividades, que foram pensadas, adaptadas e modificadas ouvindo as necessidades dos indivíduos que fazem parte dela.

O desafiador é que não existe receita, apenas relatos de experiências que deram certo, mas cada escola tem a sua realidade e é preciso estar em constante formação. Conhecer a realidade é fundamental, entender as dificuldades, os preconceitos vividos e os desejos de cada indivíduo. Muita coisa tem sido feita no que diz respeito a inclusão, muitas leis criadas, lugares adaptados, campanhas de conscientização da população, longe do ideal, mas caminhando para o progresso.

Os profissionais da educação, mais do que ninguém, precisam de conhecimentos sobre o assunto. Tratar nos cursos de formação é essencial, mas não suficiente, a discussão tem que ser constante. Por falta de conhecimento, tentando incluir podemos acabar excluindo ainda mais. As atividades devem ser adaptadas para que todos façam juntos e não diferenciada para cada grupo específico, deixando a impressão de que não são capazes. É preciso que o professor tenha suporte para saber como agir, ter momentos de troca de experiência. Ter a noção de que a diferença é que provoca aprendizado, que o aluno aprende muito tentando ajudar o colega, vendo os conteúdos por outro ponto de vista. E nesta relação se forma de maneira mais completa.